Desaudio

The horizon line and the sense of vastness are becoming endangered today, especially for those living in large cities. We see fragments of reality filled with buildings, cars, people, and countless other moving things. Saturated colors and various noises make up an incessant soundtrack.

The photographs by Lucas Lenci from the Desaudio series offer a relief amid the chaotic daily routine. They invite us to listen to silence.

With balanced images, harmonious compositions, and subdued colors, the artist presents almost deserted spaces where there are no conflicts. Humans may be present or not, but they lose their role as protagonists.

Whether in the crowded Tokyo subway, the frantic Times Square in New York, or the crowded sea in Maresias, Lucas’ gaze pursues—and finds—the empty space, a pause in the events. This is how he celebrates the solitary act of photographing in his images.

The paths explored and presented in these works include various cities of different sizes, places Lucas has visited in recent years. As he puts it, “It doesn’t matter the location, because it’s about creating a space that’s mine, as if they were invented places.”

Desaudio brings together a variety of landscapes and times. The connecting thread is the silence captured by Lucas.

 

Cássio Vasconcellos

A linha do horizonte e a noção de amplitude são espécies em extinção nos dias de hoje, especialmente para quem habita grandes cidades. Vemos pedaços de realidade preenchidos por edificações, carros, pessoas e tantas outras coisas em movimento. As cores saturadas e os ruídos variados compõem uma trilha sonora incessante.

As fotografias de Lucas Lenci da série Desaudio são um alívio em meio ao dia a dia caótico. Um convite para escutarmos o silêncio.

Com imagens equilibradas, harmônicas na composição e com cores diminuídas, o artista apresenta espaços quase desertos, onde não há conflitos. O ser humano pode estar presente ou não, mas perde o caráter de protagonista.

Seja no metrô lotado de Tóquio, no frenético Times Square de Nova York, ou no disputado mar de Maresias, o olhar de Lucas persegue – e encontra – o espaço vazio, uma pausa nos acontecimentos. É assim que ele celebra nas imagens o ato solitário de fotografar.

Os caminhos trilhados e apresentados nestas obras incluem diversas cidades, de diferentes tamanhos, por onde esteve nos últimos anos. Nas palavras de Lucas, “não importa o lugar, porque é a criação de um espaço só meu, como se fossem locais inventados”.

Desaudio reúne diversidade de paisagens e de épocas. O fio condutor está no silêncio capturado por Lucas.

 

Cássio Vasconcellos