How do we occupy time and space? It was with this question that I began the project Static Movement, a kind of reaction to my previous work, where I favored landscapes over the human element.
Between 2014 and 2016, I photographed various cities, such as Paris, New York, Lisbon, and São Paulo. In each of them, I remained stationary in one particular spot for many hours, with the camera on a tripod, capturing the different interactions that unfold in the same place.
The images generated from this process are the result of combining more than 24 photographs. The repetitions create a sense of uninterrupted motion and celebrate the infinite. In one of the images, by merging shots of the same staircase, the steps cease to be steps and transform into a wave.
In another, a single display case from a public aquarium is multiplied until it appears as a giant aquarium, formed by multiple planes.
While I record a static landscape that I can control, I observe how people interact with spaces, creating a contrast between stillness and movement, planning and the unexpected. Here, we encounter a game of gestures. While a boy climbs the base of a pillar, a girl leans against the same structure to rest. If a man is dressed in a suit in a beach setting, a boy appears in shorts and shirtless.
To maintain the concept of fluidity in the book version of Static Movement, the pages are bound with a spiral, allowing for multiple readings and without clearly defining a beginning or an end to the work.
Static Movement also refers to the tradition of street photography, which is why I chose to present the work in black and white. There is another connection as well: despite the entire project being planned in advance, chance is always present, because people are unpredictable.
Lucas Lenci
Como ocupamos o tempo e o espaço? Foi com essa pergunta que iniciei o projeto “Movimento Estático”, uma espécie de reação ao meu trabalho anterior, no qual privilegiava paisagens em vez do elemento humano.
Entre 2014 e 2016, fotografei diversas cidades, como Paris, Nova York, Lisboa e São Paulo. Em cada uma delas, permaneci parado em um determinado local, durante muitas horas, com a câmera no tripé, e registrei as diferentes interações que ocorrem num mesmo lugar.
As imagens geradas a partir desse processo são resultado da combinação de mais de 24 fotografias. As repetições dão a sensação de ininterrupção e celebram o infinito. Numa das imagens, ao juntar os registros de uma mesma escadaria, os degraus deixam de ser degraus para se tornarem uma onda.
Noutra, uma única vitrine de um aquário público é multiplicada até parecer um aquário gigante, formado por diversos planos.
Ao mesmo tempo em que registro uma paisagem estática, que posso controlar, observo como as pessoas se relacionam com os espaços, criando o contraponto entre repouso e movimento, planejamento e inesperado. Aqui, chegamos a um jogo de gestos. Enquanto um garoto sobe na base de um pilar, uma garota se encosta na mesma estrutura para descansar. Se um homem está de calça social e camisa numa paisagem praiana, um menino aparece de bermuda e peito nu.
Para manter o conceito de fluidez na versão em livro de “Movimento Estático”, as páginas da publicação são encadernadas com uma espiral, dando a possibilidade de variadas leituras e sem definir, ao certo, um começo e um fim para a obra.
“Movimento Estático” remete também à tradição da fotografia de rua, daí a escolha em apresentar a obra em preto e branco. Há também uma outra ligação: apesar de o trabalho ser todo delineado previamente, o acaso está lá, porque as pessoas são imprevisíveis.
Lucas Lenci